Nos dias atuais, o tabagismo virou um tema bastante discutido. O tabagismo, que no século XX chegava a simbolizar status e poder, atualmente é bem mais conhecido por sua outra face: a de uma das dependências químicas mais difíceis de todos os tempos.
A nicotina presente no tabaco é uma substância altamente viciante, pois ilude o organismo com uma falsa sensação de bem-estar.
O problema é que, aos poucos, o organismo passa a sentir uma necessidade cada vez maior dessa substância, o que caracteriza a dependência propriamente dita – fase na qual a abstinência se torna um problema real de saúde do fumante.
Dependência
No entanto, há muitos outros aspectos envolvidos na dependência do tabaco.
Uma das principais dificuldades percebidas quando o fumante quer largar o vício diz respeito a componentes emocionais, sejam eles ligados a traumas (quando o tabagista se utiliza do fumo numa tentativa de se acalmar), preocupações com o aspecto físico (quando há excessivo receio de engordar após o abandono do vício) ou mesmo algo ligado à própria dependência em si.
Para o dependente, o tabagismo funciona como uma muleta de equilíbrio emocional, sem a qual ele acredita que não conseguirá seguir em frente.
Sob esse ponto de vista, se torna fundamental o apoio – e não o julgamento – das pessoas que o cercam, pois, para deixar de fumar, somente força de vontade pode não ser o suficiente.
Não há um manual que funcione para todos, mas alguns estudos já comprovam, inclusive, que tabagistas que contam com o acolhimento e a compreensão de seus familiares e amigos alcançam maior efetividade no processo de desintoxicação e abandono do vício.
Alterações no estado emocional
Sendo a nicotina uma droga extremamente rápida, ela atinge o cérebro em torno de 7 a 19 segundos após ter sido inalada, e age no Sistema Nervoso Central liberando os neurotransmissores, gerando estímulos que causam a sensação de prazer.
É por isso que muitos fumantes alegam que o ato de fumar os acalma, pois os efeitos dessas substâncias são capazes de alterar o estado emocional – e, consequentemente, o comportamento – do fumante.
É importante ressaltar que essas alterações de comportamento não ocorrem de forma natural, mas sim química, assim como ocorre com outras drogas.
Os efeitos são psicoativos, ou seja, agem diretamente no cérebro, alterando as percepções das emoções e o comportamento como um todo.
No entanto, como os efeitos gerados pelos psicoativos possuem uma duração muito curta, o fumante, novamente, sente logo a necessidade de voltar a experimentar aquela sensação de prazer, e para que ela dure mais, acaba repetindo-a, construindo assim o hábito de fumar em doses cada vez maiores.
Da mesma maneira, o cérebro, que se acostuma ao estímulo artificial de prazer, passa a exigir o consumo dessas substâncias, pois entende que elas são necessárias ao bem-estar do indivíduo.
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Necessidade de reposição da nicotina
É óbvio que, fisiológica ou emocionalmente para o ser humano, quanto maior o prazer, melhor.
Por conta da dependência, o fumante encontra cada vez mais simbolismos e significados – que alguns interpretam como “apenas uma boa desculpa” – para fumar mais e mais.
Assim, ora ele irá fumar por se sentir triste, ora para comemorar algo ou desestressar, ou meramente para alimentar a sensação de conforto gerada pelo cigarro.
Independentemente da razão, um só objetivo está por trás disso tudo: a necessidade de reposição da nicotina, à qual o organismo já está habituado.
Vale sempre lembrar que a dependência química nunca envolve pura e simplesmente agentes químicos.
Envolve também questões biopsicossociais, ou seja, possui fatores biológicos (a substância química em si), psicológicos (emocionais) e sociais (cultura ou comportamento no contexto em que o fumante vive).
Com base nisso, a simples decisão de parar de fumar não bastaria, por mais força de vontade que se tenha.
Tratamento para abandonar o tabagismo
Atualmente, o melhor tratamento para deixar o tabagismo ainda é decidido por equipe multidisciplinar, e inclui o atendimento psicoterapêutico, a fim de analisar mais de perto os procedimentos, caso a caso, e oferecer um tratamento realmente eficaz.
Estratégias para lidar com a abstinência e substituir o cigarro
Além do acompanhamento psicológico, existem estratégias práticas que podem auxiliar no processo de cessação do tabagismo. Técnicas como exercícios de respiração profunda, meditação e práticas esportivas ajudam a reduzir a ansiedade e a necessidade de recorrer ao cigarro.
Outra abordagem eficaz é a substituição do ato de fumar por hábitos mais saudáveis, como o consumo de água para reduzir a vontade de fumar, o uso de gomas de mascar ou até mesmo técnicas de relaxamento para lidar com momentos de estresse.
Além disso, algumas mudanças no estilo de vida podem contribuir para a adaptação do organismo à ausência da nicotina, como manter uma alimentação equilibrada e investir em atividades que proporcionem prazer e bem-estar, minimizando a sensação de perda associada ao cigarro.
O auxílio da psicoterapia no tabagismo
Antes de mais nada, é preciso compreender que o tabagismo é um vício, o que implica em um comportamento compulsivo que traz consigo a ansiedade.
Em um círculo vicioso – e essa palavra não é usada à toa – o tabagista tenta amenizar a ansiedade fumando compulsivamente, e essa compulsão gera ainda mais ansiedade.
Desta forma, levando em consideração esses fatores comportamentais e emocionais envolvidos na dependência química, faz todo o sentido pensar em psicoterapia, pois, nesse tipo de tratamento, o paciente será levado a falar sobre suas aflições.
Isso já ajudará na diminuição da ansiedade – bem como a encarar sua própria realidade, diagnosticando precisamente qual o tamanho da necessidade de companhia e acolhimento que ele busca, e o que está faltando em sua vida ou suas relações do dia a dia, ao ponto de buscar esse tipo de conforto no tabagismo.
Partindo daí, em um outro momento da terapia, o foco passa a ser na cessação do tabagismo, com base na ressignificação das emoções, do apego do fumante às sensações que o cigarro falsamente lhe passa, e, consequentemente, a redução inicial até a substituição total dos comportamentos compulsivos por comportamentos e hábitos saudáveis, tanto física quanto emocionalmente.
A psicoterapia permite ainda acessar e entender cada um dos aspectos envolvidos no tabagismo como um padrão individualizado, diagnosticando assim com maior precisão o nível de dependência química e afetiva, além de discutir estratégias adequadas a cada caso, encaminhando inclusive para outros especialistas, se necessário.
A figura do especialista pode até facilitar o caminho para deixar o vício, mas a compreensão de que o tabagismo não é apenas “problema de quem fuma” é imprescindível, pois a árdua tarefa de seguir qualquer tipo de tratamento nesse sentido alcançará os efeitos desejados muito mais rapidamente se o paciente puder contar com o apoio e colaboração dos familiares e das pessoas que o cercam.
A Clínica Marcelo Parazzi
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Nossa abordagem combina Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), por meio de tratamentos tradicionais com psicólogos e terapias complementares que comprovadamente auxiliam nos resultados do tratamento.
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*Conteúdo publicado em agosto de 2021 e atualizado em maio de 2025.