Saiba como reconhecer a fobia social em si mesmo ou em alguém.
A fobia social ainda é um tabu para grande parte da sociedade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a fobia social afeta cerca de 7% da população global em algum momento da vida.
No Brasil, estima-se que um em cada quatro brasileiros sofre com o transtorno, mas apenas 5% procuram tratamento. Muitos casos permanecem sem diagnóstico devido à falta de informação ou resistência em buscar ajuda profissional.
O fato é que, mesmo com tantas informações a respeito, disponíveis nas mais diversas fontes e mídias, reconhecer a fobia social, seja em si ou em outras pessoas ainda é um processo bastante complicado, pois demanda um nível de observação e autoconhecimento, a fim de identificar os sintomas da ansiedade que caracterizam a condição.
Para tanto, é necessário permanecer com a atenção voltada para algumas atitudes específicas, que detalharemos a seguir.
Manifestações que identificam a fobia social
A definição de fobia social é a incapacidade de lidar com o nervosismo causado por situações de interação ou exposição social, caracterizada por uma sensação de grande desconforto pelo simples contato com pessoas e lugares desconhecidos, ou que deixem a pessoa em evidência.
Quem sofre desse transtorno pensa constantemente que está sendo analisado e julgado, e que todos ao seu redor estão ali especificamente para observar cada um de seus movimentos, a fim de tecer comentários e julgamentos depreciativos.
Essa sensação de avaliação constante pode desencadear outros transtornos mentais como a depressão.
É bastante comum, inclusive, haver casos em que o nervosismo pela situação de convivência social é tão intenso que pode ocasionar ataques de pânico.
Nessas situações, a principal característica apresentada por quem sofre de fobia social é a necessidade constante de fuga.
Causas
As causas da fobia social podem variar, mas geralmente envolvem uma combinação de fatores genéticos, ambientais e psicológicos. Pessoas com histórico familiar de transtornos de ansiedade têm maior predisposição a desenvolver a condição.
Além disso, experiências traumáticas na infância, como bullying, críticas excessivas ou superproteção dos pais, podem contribuir para o desenvolvimento da fobia social.
O funcionamento do cérebro também está envolvido: pesquisas indicam que a amígdala, estrutura responsável pelo processamento do medo, pode ser hiperativa em pessoas com esse transtorno, tornando as interações sociais ainda mais angustiantes.
Situações em que é possível reconhecer a fobia social
Alguém que seja portador de transtorno de fobia social terá a tendência de fugir ou evitar situações nas quais seja necessário, por exemplo:
- falar com autoridades, pessoas desconhecidas ou que se destaquem;
- ingressar em um ambiente onde já haja pessoas acomodadas (sentadas), em especial se estiver lotado;
- expressar opiniões ou discordar de algo que esteja em discussão;
- ir a uma entrevista de emprego (pois será constantemente questionada e comparada a outros);
- participar de reuniões com amigos ou colegas de trabalho;
- atender ao telefone ou outros tipos de chamadas, e mesmo manter contato visual durante uma conversa corriqueira.
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Diferença entre níveis normais e transtorno de fobia social
Cabe lembrar que situações como essas já são, por si só, momentos que podem gerar tensão ou desconforto, mesmo em pessoas que não possuem transtorno algum de fobia social.
O importante é saber identificar a diferença principal: em pessoas comuns, tensão e desconforto são superados, e essas sensações não impedem a realização das atividades com êxito.
Já no caso de uma pessoa com transtorno de fobia social, a tensão gerada por situações de convívio social é tão grande e poderosa que a tendência será evitar ao máximo esse tipo de convivência.
E em caso de não conseguir fugir dessas situações, fatalmente haverá um sofrimento, um nível de estresse e ansiedade muito grande, mesmo muito tempo antes de o evento de interação social ocorrer efetivamente.
Outro detalhe a ser destacado é que, ao contrário do que ocorre em um nível de ansiedade normal, os problemas causados pelo transtorno de fobia social podem se manter constantes ou até serem agravados, estendendo-se mesmo após o evento que os gerou.
Isso porque a sensação de estar sob observações e julgamentos constantes, em qualquer atividade que se proponha a fazer, não se desfaz facilmente para quem sofre de fobia social.
Reconhecer a fobia social em si mesmo
Observar a si mesmo já não costuma ser um hábito para muitas pessoas. Para alguém com fobia social então, esta pode ser uma tarefa bastante desafiadora.
Reconhecer os sinais de que se tem um quadro de fobia social passa pela complexidade de julgamento das próprias atitudes, e se já não é nada fácil aceitar os julgamentos alheios, imagine ter que reconhecer em si mesmo alguns comportamentos que não refletem seu melhor lado como ser humano.
Para ter noção e saber reconhecer se você sofre de fobia social, basta ficar bem atento aos sintomas apontados aqui anteriormente.
Via de regra, se você sente necessidade de evitar com frequência eventos de interação social, se percebe quadros de ansiedade antes desses eventos, e que não se amenizam ao longo de sua realização, e se ainda se sente o tempo todo observado, julgado (e condenado em muitos aspectos), ou até mesmo apresentando sintomas físicos como taquicardia, por exemplo, é bastante provável que você apresente algum transtorno de fobia social.
Perceba se esse tipo de situação de exposição ou interação social o leva a querer isolar-se constantemente, evitando eventos sociais e interferindo em sua rotina, fazendo-o perder oportunidades e até mesmo deixando de fazer coisas comuns do dia a dia, como conversar com outras pessoas, por exemplo.
Se este for o caso, convém procurar ajuda o quanto antes.
Reconhecer a fobia social em alguém
As características da fobia social são exatamente as mesmas, tanto para reconhecer os sintomas em si mesmo quanto em outras pessoas: sinais de fuga, isolamento social, evitar contato visual, enrubescimento mediante a necessidade de expressar-se em público, etc.
Só há que se ter cuidado para não confundir timidez com fobia social. A primeira é um comportamento comum que pode acontecer com qualquer pessoa, mas normalmente se reduz a alguma situação específica, e em muitos casos pode ser facilmente superada.
Já a fobia social interfere diretamente na rotina de uma pessoa, fazendo com que ela deixe de fazer coisas básicas do dia a dia, apenas para tentar evitar ao máximo o convívio com os outros.
Crianças e adolescentes
Além de tudo isso, é preciso uma atenção ainda maior em relação ao reconhecimento de traços de fobia social, especialmente quando se tratar de crianças ou adolescentes: comumente eles apresentam desculpas para não saírem de casa, não irem à escola ou brincar com os amigos.
No entanto, dada a importância da interação social para que não haja prejuízos à vida adulta, é imprescindível incentivar a continuidade desse tipo de atividade interacional, até porque geralmente é na infância e adolescência que se manifestam os primeiros sintomas de fobia social.
O apoio, a atenção e o olhar cuidadoso dos pais e responsáveis podem ser fundamentais inclusive para que, caso percebam que sua ajuda não foi suficiente, se possa proceder a um encaminhamento da criança ou adolescente a consultas com profissionais de saúde, a fim de buscar o melhor tratamento psiquiátrico ou psicoterápico, a depender de cada caso.
Somente um profissional de saúde mental pode dar o diagnóstico
Mais do que reconhecer os sintomas de fobia social, é importante ter certeza do diagnóstico para poder saber como tratá-la adequadamente. Essa certeza, no entanto, precisa vir do acompanhamento de um profissional capacitado para isso.
Independentemente se você reconheceu sinais de fobia social em si mesmo ou em alguém que você ama, o importante é buscar ajuda dos profissionais de saúde mental, que poderão diagnosticar o problema adequadamente e dar a devida orientação em relação à indicação do melhor tratamento para cada caso específico.
O diagnóstico adequado e o tratamento precoce podem favorecer o alcance de um nível melhor de qualidade de vida, com interações sociais mais saudáveis, ajudando e muito a reduzir os impactos na vida e na rotina social de quem sofre desse tipo de fobia.
Práticas que podem auxiliar enquanto se busca tratamento
Embora o tratamento profissional seja essencial, algumas técnicas podem ajudar a reduzir a ansiedade em situações sociais:
- Treinar gradualmente a exposição social: Começar com interações menores e menos desafiadoras e ir aumentando a complexidade aos poucos.
- Praticar técnicas de respiração e relaxamento: Exercícios de respiração diafragmática e mindfulness podem ajudar a controlar os sintomas físicos da ansiedade.
- Desafiar pensamentos negativos: Substituir ideias irracionais como “todos estão me julgando” por pensamentos mais realistas pode reduzir a ansiedade.
- Buscar apoio em grupos terapêuticos: Compartilhar experiências com outras pessoas que enfrentam desafios semelhantes pode ser reconfortante e estimulante.
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*Conteúdo publicado em maio de 2021 e atualizado em abril de 2025.