Conheça quais são os sintomas de depressão pós-parto e saiba como identificar o transtorno.
A depressão pós-parto é uma condição séria que afeta algumas mulheres logo após o parto, podendo comprometer o bem-estar emocional e a qualidade de vida não só da mãe, mas também da família como um todo.
O que pouca gente sabe é que esse tipo de depressão compõe uma realidade que vai além do que muitos imaginam, não se limitando somente às mães, mas podendo também afetar os homens.
Além disso, seus efeitos vão muito além da tristeza temporária, conhecida como tristeza pós-parto ou baby blues. Em casos mais graves, pode evoluir para uma condição ainda mais perigosa chamada psicose pós-parto.
Essa condição não apenas impacta a vida da mãe, mas tem efeitos profundos em toda a dinâmica familiar.
É crucial compreender que a depressão pós-parto não deve ser encarada como um sinal de fraqueza, mas uma questão de saúde mental que merece atenção e cuidado.
Portanto, é imprescindível conhecer mais a fundo essa complexa realidade, suas possíveis consequências e a importância de reconhecer e tratar essa condição com empatia e apoio.
Causas da depressão pós-parto: combinação de fatores
Antes de identificar quais são os sintomas de depressão pós-parto, é importante saber que as causas exatas dessa condição ainda não são totalmente compreendidas, mas uma combinação de fatores biológicos, hormonais, emocionais e ambientais pode desempenhar um papel significativo.
Fatores hormonais
As mudanças hormonais após o parto, como a queda abrupta nos níveis de estrogênio e progesterona, podem afetar o equilíbrio químico no cérebro, contribuindo para a manifestação da depressão.
Fatores fisiológicos
Há ainda diversos fatores fisiológicos ou ligados à qualidade de vida que podem gerar ou intensificar esse tipo de depressão, como, por exemplo, alimentação inadequada, sedentarismo, recorrentes ocorrências de privação de sono, pré-existência de transtornos mentais como depressão ou ansiedade, ou ainda dependência química.
Fatores emocionais
Além disso, fatores emocionais, como o estresse, as mudanças no estilo de vida, o isolamento social, ausência de apoio do parceiro ou das pessoas mais próximas e as preocupações com as responsabilidades da maternidade, também podem contribuir para o desenvolvimento da doença.
No caso dos homens
Quanto aos homens, normalmente são afetados mais por fatores psicológicos, como a preocupação quanto à própria capacidade de oferecer os cuidados adequados a um bebê recém-nascido, insegurança por não saber muito bem como ajudar à parceira, ansiedade pelo novo leque de responsabilidades e pela autocobrança de sentir que tem a obrigação de prover as melhores condições de vida à própria família.
Circunstâncias que aumentam a probabilidade
Algumas circunstâncias aumentam a probabilidade de uma mulher desenvolver depressão pós-parto e merecem a devida atenção.
Há necessidade de procurar ajuda de profissionais de saúde quando apresentar algum dos seguintes fatores de risco, que podem aumentar a vulnerabilidade:
- Histórico pessoal ou familiar de depressão ou transtornos de humor;
- Diagnóstico anterior de desordem disfórica pré-menstrual (PMDD), uma forma mais grave de TPM (tensão pré-menstrual);
- Experiências traumáticas durante a gravidez ou o parto;
- Gravidez não planejada;
- Falta de suporte social, conflitos conjugais ou violência doméstica;
- Complicações médicas durante a gravidez;
- Estresse, ansiedade e dificuldades financeiras.
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Sintomas de depressão pós-parto
Os sintomas de depressão pós-parto podem variar de leves a graves e podem se manifestar de maneiras diferentes em cada mulher. Alguns dos sintomas mais co muns incluem:
- Tristeza persistente: Sentimentos de tristeza intensa e constante que podem durar a maior parte do dia.
- Desesperança e desânimo: Sensação de que as coisas nunca vão melhorar e falta de interesse nas atividades que antes traziam prazer.
- Fadiga extrema: Uma exaustão persistente e debilitante, mesmo após períodos de repouso.
- Irritabilidade e ansiedade: Sentimentos de irritação, raiva e preocupação excessiva.
- Mudanças no apetite e sono: Dificuldades para dormir ou, inversamente, dormir em excesso, bem como alterações no apetite.
- Dificuldade de concentração: Problemas em focar a atenção e tomar decisões.
- Sentimentos de culpa ou inadequação: Pensamentos recorrentes de que não é uma boa mãe ou de que está falhando em suas responsabilidades.
- Isolamento social: Retraimento e decisão de evitar interações sociais, incluindo as que envolvem familiares e amigos.
- Pensamentos suicidas: Em casos mais graves, podem ocorrer pensamentos ou fantasias sobre morte e suicídio.
Psicose pós-parto
Depois de conhecer quais são os sintomas de depressão pós-parto, também é importante entender a psicose pós-parto.
É uma condição ainda mais grave e rara, que pode ocorrer nos primeiros dias ou semanas após o parto, que ocorre com mais frequência em pacientes que já possuem algum histórico de psicose pós-parto ou bipolaridade.
Trata-se de uma situação de emergência médica que requer atenção imediata, cujos sintomas podem incluir:
- Confusão mental;
- Alucinações;
- Delírios;
- Paranoia;
- Ausência de conexão emocional com o bebê;
- Sentimento de vontade de fazer algum mal ao bebê ou a qualquer outra pessoa (incluindo a si mesma);
- Insônia extrema e agitação;
- Mudanças repentinas e/ ou drásticas de comportamento.
Diagnóstico da depressão pós-parto
O diagnóstico da depressão pós-parto é realizado com base em uma avaliação médica e psicológica detalhada, considerando as peculiaridades de cada paciente.
Alguns fatores importantes a serem considerados:
- Para que haja um diagnóstico considerado como de depressão pós-parto, é necessário que os sintomas tenham surgido num intervalo de no máximo 4 semanas após o nascimento do bebê;
- Quando há sintomas depressivos anteriores ao parto, a necessidade de atenção ainda existe, mas aumentam as chances de se tratar de outros transtornos ou tipos de depressão, que por terem fatos geradores diferentes, precisam ser tratados de maneira diferente;
- Somente os profissionais de saúde são capacitados para diagnosticar casos de depressão, pois são especializados na área e podem fazer adequadamente os procedimentos de triagem, solicitar exames e indicar tratamentos conforme cada caso.
É imprescindível buscar ajuda profissional se você ou alguém que você conhece estiver enfrentando sintomas de depressão pós-parto.
E quando já há algum histórico de qualquer um desses transtornos (depressão, depressão pós-parto ou psicose pós-parto), é ainda mais importante fazer um acompanhamento clínico, mesmo antes de se manifestar qualquer um dos sintomas.
Como prevenir
Embora nem sempre seja possível evitar os sintomas de depressão pós-parto, algumas medidas podem ajudar a reduzir os riscos:
- Não se isolar;
- Desenvolver um forte sistema de apoio social;
- Buscar orientação pré-natal;
- Fazer um check-up pós-natal;
- Manter um estilo de vida saudável;
- Evitar o consumo de substâncias que possam causar dependência, como álcool, cafeína e mesmo medicamentos (exceto os receitados pelo médico);
- Praticar técnicas de gerenciamento do estresse e estar ciente dos sinais de alerta.
Tratamento
A depressão pós-parto é tratável e existem várias opções disponíveis. O tratamento pode incluir psicoterapia, terapia cognitivo-comportamental, medicação antidepressiva, suporte de grupos de apoio e a combinação de diferentes abordagens.
O tratamento escolhido dependerá da gravidade dos sintomas, das preferências da paciente e da avaliação do profissional de saúde.
Além disso, para que haja a possibilidade de construção de uma rede de apoio eficaz à nova mamãe, é importante que o cônjuge, os demais membros da família e até mesmo os amigos mais próximos também busquem aconselhamento, a fim de poderem compreender a melhor forma de ajudar nesses casos.
Atendimento pelo SUS
É bom lembrar que, no Brasil, o atendimento, diagnóstico e tratamento para depressão pós-parto e muitos outros transtornos mentais pode ocorrer sem custo algum, através do SUS (Sistema Único de Saúde).
O sistema conta com profissionais capacitados, que atuam tanto na prevenção (identificando, já no pré-natal, possíveis sinais e fatores de risco) quanto durante a gestação e puerpério, oferecendo todo o suporte necessário ao bem-estar de toda a família.
É interessante destacar ainda que absolutamente todas as mulheres que dão à luz no sistema público de saúde brasileiro possuem o direito ao acompanhamento da gestação e puerpério no próprio SUS, através das Unidades de ESF (Estratégia de Saúde da Família), independentemente de terem ou não qualquer sintoma ou risco de depressão.
Outro detalhe importante é que, nos casos de psicose pós-parto, o atendimento imediato faz toda a diferença para a eficácia do tratamento, ampliando consideravelmente as chances de garantir a segurança tanto da mãe quanto do bebê.
Em casos mais graves, que apresentem risco de ideação suicida ou infanticida, a mãe precisa ser encaminhada com urgência para internação, preferencialmente em hospital geral.
Independentemente do diagnóstico, vale ainda considerar a necessidade de terapias hormonais, a fim de compensar a mudança drástica ocorrida no parto, além de outras formas de tratamento que os médicos, psicólogos ou psiquiatras venham a recomendar.
Também é preciso normalizar o fato de que muitas vezes se faz necessária a presença de uma babá, a fim de não sobrecarregar a nova mãe, que pode ter um pouco mais de tempo para cuidar de si mesma e fortalecer os laços com o bebê e o restante da família.
Clínica Marcelo Parazzi
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